quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Puzzle

Fui teu puzzle de 1000 peças.
Jogo de monta e des-
monta; esquecido e incompleto,
neste agora em que cansaste
de brincar.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

"era uma vez ..."


era uma vez, tudo de mim em duas palavras:
o não e o sim

mas só, apenas hoje, sou universo em vocábulos:
sempre ou talvez.





Imagem: olhares

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Um querer de Hamlet para hoje e para o resto dos dias.

Sei que não poderia escrever isso aqui neste blog. Desculpe-me querida Arlequinal, mas palavras me somem da ponta da pena e não há nada que eu possa fazer a não ser refletir o bloco de pedra que se entalou em minha garganta, e a dúvida que me assola, nas palavras do mais célebre personagem Shakespeariano.

A todos que aqui nos visitam eu digo que não, por favor não quero ouvir sermões, eu já tenho uma coleção deles no meu armário. Eu sei que tudo tem a sua hora, que quando Deus fecha uma porta abre uma janela, que existem coisas melhores guardadas, que tudo tem um motivo e dessas paspalhadas todas eu já estou farto.

Por hoje eu quero Odes infernais, sistemas digestivos inteiros, sucos gástricos e ácidos que me ponham numa efervescência completa, que me façam digerir o bloco de pedra, o grito que não sai e a lágrima que não cai.


"Ser ou não ser. Eis a questão: é mais nobre sofrer na alma as pedras e flechadas de um destino ultrajante ou pegar em armas contra um mar de problemas, e enfrentando todos, acabar com eles? Morrer, dormir... mais nada. E no sono acabar com a aflição e os mil choques naturais que a carne traz em si. Essa é a consumação que se deve querer como uma bênção. Morrer, dormir. Dormir, sonhar talvez: isso é que é difícil! Porque os sonhos que podem existir nesse sono da morte, depois que nos livramos desta confusão mortal, nos fazem parar para pensar. É isso que tanto prolonga a calamidade desta vida. Quem há de preferir as chicotadas e o desprezo do tempo, a humilhação do opressor, a arrogância do orgulhoso, as dores do amor desprezado, a demora da lei, os desaforos do poder, e os chutes que os talentosos pacientemente recebem dos indignos, quando o próprio sujeito pode encontrar a paz na lâmina nua de um punhal? Quem é que agüenta esse fardo, gemendo e suando numa vida dura, senão pelo medo de alguma coisa depois da morte, o país desconhecido, fronteira que ninguém cruza de volta, que confunde a nossa vontade, que nos leva a preferir os males que já temos do que voar para outros que não conhecemos? É assim que a consciência transforma todo mundo em covarde, é assim que a cor natural da determinação acaba desbotada pela palidez do pensamento, e grandes projetos importantes perdem o rumo, e não podem ser chamados de ação."

Morrer, dormir. Dormir, sonhar talvez: isso é que é difícil depois de um final de semana como este.