quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Poème

O poema a seguir é bastante antigo. Publiquei no meu antigo blog em 27 de janeiro de 2004, mas creio que eu tenha escrito em 1997.
A republicação se deve à visita recente de Moghrama a este blog. Uma blogueira tunísiana que merece todo nosso apreço e respeito.
Dans un bois plein de fleurs
Je pourrais au loin courir
Courir au-devant du coeur
Au-devant de mon avenir

Je n'aurais pas d'argent
Je n'habiterai pas un château
J'aurais seulement le chant
Le fort chant des oiseaux

Sinon ça, ce sera ma vie
Je vivrai pauvre et contente
Mais l'avenir n'est pas vivre
Il est mourir doucement

Et au ciel, je serai une étoile
Qui s'allume fortement
Quand la nuit déroule ses noirs voiles.

Em um bosque cheio de flores/Poderei ao longe correr/Correr ao encontro do coração/Ao encontro do meu futuro.

Não terei dinheiro/Não habitarei um castelo/Terei somente o canto/ O forte canto dos pássaros

Mas isso, isso será a minha vida/Viverei pobre e contente/Mas o futuro não é viver/É morrer docemente.


E no céu, serei uma estrela/Que brilha fortemente/Quando a noite desenrola seus negros véus.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Briga de Casal


a Genivaldo de José

O quarto estava ali, com suas estantes, sua cama, seus criados mudos, sua escrivaninha, sua TV de vinte e nove polegadas da marca CCE, alguns livros, cinzeiros, cobertas, cinzas, sapatos, meias, calças, camisas, toalha molhada, cinzas, cinzas, cinzas...

Lá estava a janela, posta em cima da cama, e a fresta estava aberta e daquela fresta um raio de luz cortava o escuro, como uma faca entrando no peito do jagunço, pensei comigo que ninguém nunca percebeu como o céu fica limpo algumas horas antes do dia nascer.

A lua brilha intensa, tontinha, ingênua às três horas da manhã achando que os casais são felizes e que se amam pelas ruas contemplando um lirismo cafona e antigo.

“Lua cretina mal sabes como são claros os pesares desse peito!”

São três horas e ele lá fora, na rua, onde está o rum, eu sei há de ter uma garrafa de outro dia, maldito rum...Ah! Esse gosto puro e quente que me desce goela abaixo, me faz divagar essa lâmina lunar estancando o breu alcoólico desse quarto que teima em me afogar enquanto ele não chega.

São cinco e cinquenta e dois, o quarto continua aqui, abro meus olhos embaçados, onde estou, o cinzeiro a cama as estantes a TV as cinzas as cinzas ah! Cinzas...Acho que acordei com o tilintar de chaves no portão, o rum onde está o rum...Vazio do outro lado da cama. Ele abriu o portão, a lua, foi, embora, ele abriu o portão, a lua, foi, embora, ele subiu degrau por degrau do maldito corredor cantarolando El dia que me quieras.

Eu sei que ele está do outro lado dessa porta sem encontrar a chave redondinha, se, se, se eu, seu eu pudesse eu até levantaria. Mais cinco minutos e ele abre a porta, ah, a luz inunda o quarto e ele não me viu.

Fechou a porta, não achou o interruptor, me procurou, tateou o lençol revirado, derrubou as cinzas, chutou a garrafa, acendeu o cigarro, tirou os sapatos, desabotoou a camisa, sentou na cama, me procurou, receou chamar pelo meu nome, ensaiou, murmurou, cerrou os dentes, mas fui mais ágil:

“estou aqui.”

“ oi meu bem?Desculpe, eu, estava...” esbaforiu uma mentira opiante.

“dorme querido, antes que o sol nasça.”

Deitamos na cama e dormimos antes do dia raiar. Afinal, ninguém gosta de dormir com o sol nascendo na janela.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Again

(L'etreinte, Pablo Picasso)

Um tanto de água; um tanto de sal.

Corpos entregues ao mar
- amores distantes; lágrimas -
corpos unidos; suor.

Sal; tempero da vida: Amor.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Almost



Eu só, no meio da tarde.

Pensamento breve ilumina a orvalhada face:
a aurora em teus olhos abriga e aquece
a madrugada fria: o corpo meu.

No meio da tarde, eu. Só.


*Ao Glauber.


domingo, 13 de janeiro de 2008

Eu





submersa no teu mundo,
que é o meu mundo vestido em águas:
calmas ou revoltas