terça-feira, 25 de agosto de 2009

Aniversário

O blog completou 2 anos sem festa nem vinho, mas com a certeza de que há um sentimento que subsiste às adversidades do tempo, espaço e massacrante rotina.
Te amo, Murillo. 

"De repente me bateu uma saudade da metafísica; daquilo que é caleidoscopicamente sublime. Quando transformo esse encontro de almas em ação cotidiana, me sinto menos só. Te amo."
Murillo Marques, 21/08/2009, por sms

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Ao amado, o antigo



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Nesta manhã de claro sol reconheço a existência de homens mutilados caídos uns sobre os outros em nosso chão. Sei que outros corpos haverão de tombar ainda hoje e amanhã e depois. Ontem; ontem era permitido fechar um instante os olhos, esquecer o mal e o que está além. Esquecer o desconhecido em que habitam nossos fantasmas. Além do mal, porém, há a lâmina que passeia meu corpo. Sinto-a nítida beijando a profundidade de minha pele, buscando o limite de meus ossos. Sinto o contato vibrante com o metal; a incisão imperativa redizendo sempre "abra os olhos". Tenho me esforçado por não esquecer, para manter-me em vigília - sabemos quão difícil tem sido: descobrir o que é afago, entender o que é distância; amar a nudez desses mortos e chorar por eles.

Nesta manhã, clara do sol, ouço seu clamor e respondo: sim. Lutemos juntos, pois será impossível descansar enquanto houver guerra. Juntos, não seremos mais fortes e não teremos o mundo somente nosso. Seremos ainda apenas nós entre todos, sob os olhares cegos de toda a gente. Seremos apenas você e eu, ainda que desejemos ser todos, ainda que partilhemos com os famintos nosso pouco vinho e nosso nenhum pão, nossa muita luz que nada lhes ilumina. Mas há os campos e há a guerra. Lutemos. Juntos. Uniremos nossas mãos.

Faz sol nesta clara manhã. Entrelacemos as mãos e reinventemos as palavras que temos dito todos os dias, ainda que não haja emissão de sons e letras. Sabemos que estão próximas as palavras; soluçando sobre nossos ombros, sempre estiveram. Neste agora estão contidos o que foi e o que será. Assisto proclamadas águas banhando os cortes e chagas, restituindo nossas cores mais belas.

Permanece em nossa casa a visita da manhã. Não esqueçamos, amado, que unir as mãos e entrelaçá-las é também unir os corpos - pensamentos e sentires - de modo que nenhuma linha, tênue que seja, os divise. Em vindouros combates, conseguiremos ser os mesmos sentimento, porta e palavra ao chegar da noitinha?
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sábado, 1 de agosto de 2009