sexta-feira, 10 de junho de 2011

A mesma estação

Dá-me calor, frio, flores e vendavais; 
vem e te recebo: hoje ou nunca mais

Sempre, porém, do mesmo modo
Como retornam as estações, e se vão

A próxima parada, a vinda
o ah! Deus! e a chegada...

Então é assim?
O nunca acaba e o jamais tem fim?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Esperando... (inspirado em Becket)

(uma repartição pública, dois namorados, uma explosão, um barulho de vidro trincando e uma samambaia seca)

- Nada a fazer!
- O que?
- Nada fazer! (pausa vazia)
- Eu te amo. (pausa e eles se olham)
- Perdemos o bonde, ele passou. (aflito). O bonde se foi (perdido)
- Eu te amo (pausa e eles não se olham)
- A gente devia ter aproveitado enquanto ainda existia o tempo e o mundo ainda era um espaço e ter pegado o bonde até Paris, (maravilhado e sonâmbulico) poderíamos ter pulado da Torre de mãos dadas em cima das cabeças dos namorados franceses.
- Eu te amo (pausa)
- (ele o olha assustado, seco e indiferente) Eu também.
- Então vamos para casa. (pausa)
- Não podemos sair daqui, estamos esperando...
- O que?
- (irritadíssimo e descrente) L'amour.