terça-feira, 26 de outubro de 2010

escritos

como a caneta fere o papel
e a faca ferisse a carne
a alma, abreviada
pela ausência

domingo, 24 de outubro de 2010

Vida

que meu verso seja livre
sem tema ou temor
e em sua rima escondida
neste instante, ainda
recuse a sina e o refrão

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ciclo

"Ah, o amor é um capitoso vinho,
que nos embriaga,
que nos embriaga com um só pinguinho."

Furacão furioso que corrói a calmaria dos campos.
Tempestade intempérie que amolece o barro da terra e funda a orvalhada nesse chão de incertezas.
Em minutos se faz a calmaria, cheiro de terra molhada, mormaço, céu alaranjado e um clima de possibilidades propícia o desabrochar, as gotas embebedam a semente, enraiga-se a sensação de pertencimento e surge o botão.
E desabrocha em latentes e febris tensões, comichões, calores nítidos e plenos de sensações pulsantes. Toda flor que desabrocha quer ser deflorada ou pelo vento que passa, ou pelos dedos firmes da mão que rija acolhe, pela abelha que suga o mel ou pelo chão que nutre a força.
Cor, coito e vibração segue a semente gozando e florindo seus dias, sedenta e cheia de erupções sua seiva transborda pulsante o aroma orgiástico, enamorado e primaveril. Fecunda solos pelo vento, poliniza tudo que outrora fora devastado, multiplica-se em gozos caleidoscópicamente fulgurantes para aos poucos ir-se esvaindo, murchando, apodrecendo.
Então transforma-se, aduba o solo e espera furacões.