segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Fragmento I

* Quadro de Salvador Dalí

É uma falange de dispersões que rodopia.

Hoje não chora, amanhã não ri, depois de amanhã esqueceu, daqui a um mês vinte e duas partes e daqui a um ano trezentos e tantos pedaços.

Lembrar é a causa de não seguir.

Dentro do grande armário das lembranças restam apenas grãos de areia guardados.

Grãos que remetem a praias distintas e distantes, grãos que constróem um mosaico de infortúnios e lamentações.

Lembrar, lembrar, lembrar e num sopro esquecer.

Esparramar e não saber se o vento voltará ou se a areia ficará dispersa,

perdida.

Para sempre perdida.