segunda-feira, 15 de junho de 2009

O marasmo.

1.
Assim ao Poeta a Natureza fala!
Enquanto ele estremece ao escutá-la,
Transfigurado de emoção, sorrindo...
.
Sorrindo a céus que vão se desvendando,
A mundos que vão se multiplicando,
A portas de ouro que vão se abrindo!
("Supremo Verbo" - Cruz e Souza)
2.
Marasmo: s.m. Magreza extrema, abatimento físico; atonia. / Fig. Estagnação, apatia, indiferença, descaso.
( Aurélio)
Eu tento escrever sobre esse nada, quero dizer desse vazio que não deixa a pena prosseguir. O marasmo.
Eu já tive a necessidade de ter algo para dizer, de saber como sentir, de me motivar para acender aquele cigarro. Hoje não.
Eu vivo, eu trabalho, eu não estudo mais.
É como viver da impressão, da imagem. Da imagem vazia.
Um significante vazio de significados, é incrível como até essas palavras não têm mais nexo, não tem poesia e nem tem sensibilidade é o verbo cru no presente que se esvai em linhas brancas, quero dizer nem em linhas porque as linhas não existem mais, é um universo branco que se borra com uma tinta preta, fedida, podre de palavras nulas.
Se eu pudesse pensar, ou agir, eu arrumaria meu quarto, tiraria as roupas do chão, dobraria meus lençóis, terminaria aquele projeto, colocaria a vida no ciclo comum de nascimento, crescimento e morte. Mas eu não quero.
Prefiro essa cadência de desencontros que não me encontra, prefiro esse samba de nada que um dia se chamou silêncio, prefiro a minha cadeira, a minha porta, os 3 metros de quarto em que me encontro nesta segunda feira ensolarada, mas fria.
O silêncio já não diz, o que é certo não convém, o que era para ser brilhante ficou perdido e o homem que eu me tornaria não faz mais diferença.

2 comentários:

H. Henrique disse...

:-O

Faz q nem eu... joga tudo pra cima! Só não consegui impedir os cuspes de cair na testa - rs

Mto fluído o texto... gostoso de ler!

marcela primo disse...

§

Fico tão assombrada com o tanto que nos parecemos.

Te amo.

§