I.
"Não chores tanto, Marília,
por esse amor acabado:
que esperavas que fizesse
o teu pastor desgraçado,
tão distante, tão sozinho,
em tão lamentoso estado?"
A bela, porém, gemia:
"só se estivesse alienado!"
Cecília Meireles
II.
"Marília, tu chamas?
Espera, que eu vou!"
Tomás Antônio Gonzaga
Pelas portas que adentrei conheci Vila Rica, aquela protegida pelo gênio original
-Tomás Antônio Gonzaga, o exilado, e sua casa,
casa de mil portas,
casa de mil ares.
Marílias se descortinam
em horizontes e janelas.
Marília efígie de rosto virado,
passarinho
que revela tempos idos.
Marília doce amada do poeta,
esquecida,
extraviada,
trocada.
Marília nos morros,
Marília na vista,
revista,
transfigurada,
deixada.
Marília, imagem
deformada,
empoeirada
que regressa
nas quadrinhas
bobas, apaixonadas e
insubstanciadas de verdade
no peito de um triste pastor que anseia por escuta.
Marília centenária.
Marília encarquilhada.
Marília eterna.
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