sábado, 3 de janeiro de 2009

"Algumas vezes, pessoas lançam ao mar..."

Algumas vezes, pessoas lançam ao mar pedidos de socorro em garrafas; outras vezes, os lançam por sob as portas e os fazem penetrar as casas e as vidas. Não importa em que língua falem, a quem queiram falar, ou o quê; são sempre os mesmos pedidos de socorro.

Não estou diante do mar; mas lanço garrafas com bilhetes e durmo ao canto gostoso das vagas. Um canto que não é, ainda, o murmurinho do mar; apenas o som do amor que eu imagino para aquele corpo de maré.

Maré - eu sei que não estará nunca, sem ir embora um pouquinho. Mas eu imagino: imagino infinitos e eternos; de outro modo não sei fazer. Os dedos brincam desenhos na quentura da areia, silenciosos grãos: invento meu novo amor.

Que os ventos não soprem antes que eu o saiba verdadeiro, quente, doce.

(outubro/2006)

2 comentários:

H. Henrique disse...

O fundo do mar por vezes tem correntes quentes também!!!

Amo-te!

Bjus

marcela primo disse...

§

Eu sei, amor.

Eu mesma pude sentir a doçura em alguns gestos, a chama em alguns lábios e a verdade em alguns olhos. A dificuldade está em encontrar as três qualidades numa única pessoa.

Eu deveria me envergonhar por esperar "alguém que caiba nos meus sonhos", mas creio, ou quero acreditar, que a sua mãe estava certa quando, há alguns meses, me disse:

"Basta andar de cabeça erguida que você encontra".

Beijo-te, flor!

§