quinta-feira, 22 de julho de 2010

"da tua boca..."

da tua boca
recebo: o gosto e o desgosto
com ela me degustas e
dela, jamais ouço
o que gostaria ouvir;
mas se vens
assim
mansinho
também me calo
e sufoco
e deixo morrer
(quentinho no peito, en-
quanto me entrego)
a minha vontade
do teu gostar;
pois se de mim levas o gosto
e me provas
sem nunca
gostar de mim,
outros sabores há
que me provem
e me levem
e me deixem
e se deixem
onde tu, jamais, ousaste tocar.

domingo, 18 de julho de 2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

"saudades de quando..."

saudades de quando eu jamais fôra tua...
meu corpo era o templo
o sexo, um rito
e não se havia criado este dogma chamado Amor.

domingo, 11 de julho de 2010

Voltas

teu regresso
é sempre despedida

prenúncio da partida
o começo do fim

cansei deste folhetim
fecho a última porta

tudo o que importa
é curar esta ferida

some de minha vida
não é muito o que te peço


"O sândalo perfuma o machado que o feriu"

sexta-feira, 9 de julho de 2010

São quase oito

Em meio a instrumentos, ferramentas individuais, músicas e supostas poesias me vejo aqui perdido.
Olho o meu irmão, vejo o nosso fazer e não encontro sentido em prosseguir.
Para onde levaremos essas individualidades escatológicas? Para qual lugar essa prática nos leva, o que nos transforma e o que nos trespassa?
Não sei.
Talvez eu suponha que seja a simples vontade de mostrar-se, a felicidade momentanea do "eu sei", a concubinação do eu pela imagem oca que a gente produz e pelo prazer falso do aplauso vazio e sem sentido do final.
É dificil optar pelo "não sei", pela descoberta e pelo coletivo.
E afinal de contas o que é o coletivo? Como eu comungo com o meu irmão?
Estamos tão perto e ao mesmo tempo dispersos, somos amplos mundos que não se influenciam, que não trocam e em nada se completam.
São quase oito e eu almejo o fim dessa angústia chamada ensaio.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Conversa de passarinhos.

Sua voz quando ela canta me lembra um pássaro,
mas não um pássaro cantando: lembra um pássaro voando.”
Ferreira Gullar


Meu olhar procurou conforto na arvrinha onde mora um passarinho, mas ele não teve companhia.
Ah, Essa vida é um breve desconforto permanente.

Por que não amantes?
Por que não amores?

Meu olhar ficou voando com ares de pintassilgo e tristezas de sabiá.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Das observâncias

São duas as coisas que observamos à distância:
- as que tememos, como as feras selvagens;
- as que desejamos alcançar, como o horizonte.

set/2007