quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O que não é o que não pode ser

Das flores que ainda não colhi, dos beijos que nem se quer vou provar, dos trabalhos que não são pra mim, das provas que já reprovei, das que me reprovarão, da falta de vontade de prosseguir, da incerteza do caminho que vou trilhar, da lágrima que teima em não cair, do cabelo que finjo não cortar.
De todas as situações que eu não quero me livrar, dos problemas que não quero resolver, da existência que não florescerá, dos amigos que não fiz, dos amigos que não vi, dos que não pedi, dos remédios que não tive coragem de tomar, do pessimismo que tento me livrar, dos rumores do coração que não terminei.
Das provas, dos trabalhos, dos ritos
do que me impede
do que me pesa
do que me esmorece
do que me desencoraja
do que não consigo escrever
do que não tenho motivo pra falar
daquilo que não acontece
da vida que não é pra mim
da vida que não vivi
da idéia de vida
da imagem subjetiva da vida
da imprecaução da felicidade
da não felicidade
do medo
do erro
do medo do erro
da possibilidade
da negativa
do não
da desistência de mim.

4 comentários:

Levante Popular da Juventude RN disse...

Minha linda!
Você sempre fala as coisas certas nos momentos certos!
Eu precisava ler isso!
Obrigada!

marcela primo disse...

Oh, querida... desta vez, dê os créditos ao Murillo... foi quem escreveu o texto... e eu posso falar o mesmo sobre ele...

marcela primo disse...

Mu,
tava aqui lembrando do nosso dia no SESC Interlagos, show do Pato Fu, e me veio uma muisquinha na cabeça:

"As brigas que ganhei
Nem um troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei

As brigas que perdi
Essas, sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci"

Me veio à cabeça esta musiquinha e eu pensei que isso é algo que temos em comum. Mas há algo em você que é diferente e eu admiro. Uma qualidade que queria para mim. Há algum tempo, você postou neste blog falando sobre um certo "querer de Hamlet para hoje e para o resto dos dias". Contudo, hoje você pode me convidar para a segunda edição do "Se segura Berenice" porque você está lá. Eu estou aqui, insistindo no querer de Hamlet e estagnada no tempo e no espaço. Você recebeu um "não" num dado momento, mas correu atrás do "sim" até que ele viesse. E outros "sim" virão para você. Porque embora não esqueça as derrotas jamais e as mastigue e as saboreie mais que às vitórias, você busca a vitória e o "sim" quando muitos já teriam desistido. Não apenas por isso eu te admiro. Há muitas outras qualidades admiráveis em você e nós sabemos disso. Mas essa é uma qualidade que eu gostaria de ter, a de buscar o "sim" mesmo com tantos "não" atravancando meu caminho de passarinho.

Te amo tanto!

Qura disse...

"da desistência de mim." nossa, que forte.