INV[f]ERNO
1- Falar sobre o que?
2- Precisamos deixar claro sobre o que estamos falando.
1- Estamos falando de dilaceramento, de aprisionamento, de auto complacência.
2- Sem auto piedade, por favor!
1- Um dialogo entre o dramático e o épico. A cisão entre as químicas do corpo, o nosso desejo e as nossas demências.
2- E o amor?
1- Amor, desejo, doença entre corpos.
2- Doença.
1- Demência.
2- Esse espaço vazio transformado num corpo. As mãos que riscam essas linhas são as mesmas que tocaram, transaram, gozaram...
1- Estes pés que guiam a direção deste desenho são os mesmos que guiaram ele até a porta da casa do sujeito.
2- Essa cabeça, essa demência que planejou esse desenho é a mesma cabeça que cadencia a obcessão de um pensamento que o aprisiona num outro que já não existe mais.
1- Esse é o corpo que fodeu!
2- Fodeu!
1- Fodeu!
Juntos FO-DEU!
1- Agora chegamos aqui no lugar onde queríamos chegar, no centro vital, no drama, na metalinguagem.
2- No coração.
1- Agora esse lugar é o meu coração.
2- O meu coração.
1 - coração.
2 - um coração.
1- O coração de qualquer um.
DEPOIMENTO
Agora esse lugar é o meu coração, aqui me encontro com o que me fragmenta, com o que me envenena. Eu tenho a urgência de um Dark Room vazio que ecoa e evoca a violência do seu silêncio nessas paredes.
Ele foi embora numa tarde de domingo sem sentir, sem tocar, sem olhar, dizendo que não sabia:
- Você não quer mais namorar comigo?
(pausa)
- Responde!
-Não sabe? Não quer? não pode mais?
Naquele dia e depois daquele dia é o teu siêncio que alimenta a minha impaciência, a minha raiva e a minha incompreensão.
É por isso que eu preciso te matar, te matar na ocupação das horas vendidas para o sistema, nas tarde de corrida no parque, na cena, no palco, no teatro.
rasgar tua garganta e deixar jorrar palavras, sanguineas, vermelhas, hemorrágicas.
perfurar teu pulmão e permitir que o som ecoe,
esganar e arrancar esse tijolo da sua boca,
essa parede intransponível que você edificou com o seu silêncio de concreto,
com o seu cuspe de cascalho,
com os seus dentes de ladrilho.
Esse lugar é o esgoto da minha sentimentalidade, o amor aqui é escoado feito bosta fétida pelo chão, o mijo é uma espécie de lágrima apodrecida que escorre pelos encanamentos até desembocar em mim.
Esse lugar é o meu coração, oco, solto, morto no qual o seu corpo flutua anímico, apodrecido e silencioso.
ESSA É UMA MENSAGEM DE CELULAR: "eu não sou mais apaixonado por você"
"lanço-me,
atiro-me,
vomito-me,
venero-me,
nessa cidade desencontros
fracos, inconstantes, entre tantos
viro-me no avesso, do avesso de mim mesmo
não me reconheço
afago-me
afogo-me
cuspo-me
entrego-me
e desapareço
nessa cidade desencontros
fracos, inconstantes, entre tantos
fátuos prazeres, corpos, desejos quereres,
necessidade vira encontro"
PRIMAVERA
22 de setembro encontro transcedente com as foraças primitivas da minha alma. constatação. "EU SOU NATUREZA"
REENCONTRO COM A PAIXÃO.
A paixão chega
me atravessa
a paixão chega
me descompassa
me deixa em festa
a paixão chega
me para
me cura
me testa
tira os meus medos
me deixa em festa
entra
pode entrar
chega devagarinho
pisa de mansinho
destranquei
a porta pra você
entrar
E nessas noites de lua
dentro de mim eu sinto o meu peito pulsar,
o tesão queimar,
eu sinto um jeito macio e gostoso de respirar.
respira
respira
respira
Esse coração que respira, se abre, se destranca, se faz presente na sua pequenês de orgão regenerativo, de símbolo ativo de resistência, um pólo radioativo de mim mesmo.
é esse o coração que te saúda.
é esse o coração que te saúda.
é esse o coração que te saúda.
entra
pode entrar
chega devagarinho
pisa de mansinho
destranquei
a porta pra você
entrar
Não espere,
os ciclos são,
onde você está.
luta,
luto
fruto
pulso
incongruente
demente
presente
naúsea
do fato em mim
sem verões ou outonos
o presente se faz
acontece
explode
em frenesi.
Esse texto é uma obra inclonclusa, ciclica e sem constatação. Fecha aspas.
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