quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

MELAGKHOLIA


me.lan.co.lia. sf. Estado de humor caracterizado por uma tristeza vaga e persistente.

BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
(Mário Quintana)

Baixinho, baixinho assim eu não te ouço, nem o teu gemido e nem o teu sussurro. Baixinho, baixinho assim eu não percebo nem o teu pavio curto e nem o teu carinho. Baixinho fica dificil de ouvir teu elogio, se me tem febre, se me  tem saudade, se me tem orgulho. Baixinho que nem segredo e escondido assim, parece ilusão de festa, parece que termina quando o dia nasce. Deixa eu puxar seu ouvido para o canto e confidenciar esse desastre que é o meu coração, dizer que aqui dentro pareço uma menininha insegura que tem medo de ter aberto uma frestinha pra você entrar. Apesar de ser assim uma mulher forte e confiante, que samba no meio da roda, que chama pra sair, que deita sem pensar, que chora ao mesmo tempo que ri. 

Ainda assim toma conta, cuidadinho, com esse instrumento de trabalho, com esse ganha pão, sem ele não tem vida pra amanhã, ou sorriso e nem espera, sem ele pode faltar luz e a vela, eu decidi não trazer desta vez, arrisquei, abri a janela. Baixinho assim parece silêncio e com esse deus eu já briguei, discuti, esperneei.

Silêncio para que me ame bem alto, entre buzinas, fanfarras e passarinhos.  

2 comentários:

marcela primo disse...

Obrigada, Mu... estou emocionada, entre feliz e... melancólica... ;-)

Acho que poucas pessoas no mundo me conhecem como você... talvez por sermos tão parecidos... te amo.

marcela primo disse...

Comecei a ler com a certeza de que era meu... só reconheci a tua prosa na última linha do 1o parágrafo... Te amo, amigo...