terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Textos de brisas, ventos e algas...



Nesta enseada a brisa tropical anuncia a chegada da chuva que cai levando cores, lavando nomes, aquificando sons. É neste colorido de sensações que seu nome me vêm à boca, escorre pelos dentes como um bulbucio lacrimoso e engasgante. Olho ao redor e estou sentado na beira do cais, deixo os pinguinhos caírem sobre o papel, ninguém está aqui. E a guerra tempestuosa de nuvens contra o oceano escurece o horizonte e eu, espectador solitário, envolvido numa brisa quente de lembranças ponho-me a contemplar maravilhado as teias relampejantes que trincam destinos e abrem caminhos .
* *
*
Nesse dia vejo o sol que sai fugídio pela tangente do meu campo de visão. Lá vai ele colorindo o horizonte de uma noite de esperanças, de corpos lívidos que se encontram e se separam numa dança de desencontros.
* *
*
Em cantos
me despeço
em adeuses tronxos
Dez entre cantos
eu me perco entre todos
que me rodeiam.

4 comentários:

marcela primo disse...

§

Você sempre volta bem inspirado da Ilha...

Lindo.

§

Carol Mioni disse...

Muito lindo! Amei!

H. Henrique disse...

Nossa, lindo...

Típico daqueles momentos qdo tudo é morno e frio.

A música é linda tb!

marcela primo disse...

§

Desculpa, Hugo, mas se é morno não pode ser frio... são coisas distintas... e não vejo frieza, tampouco o descaso que sugere o morno nesses textos do Mu.

Não há resignação ou descaso.

Há, sim, o reconhecimento da beleza e da poesia nos fatos da vida, ainda quando a realidade nos é adversa, quando as coisas não se dão como, em outras eras, foram sonhadas.

E não se reconhece beleza ou poesia em absolutamente nada, se não houver em nós o fogo quente das paixões humanas, ainda que sem objeto.

§