(porcamente inspirado na belíssima Alice Ruiz)
dias de quibebe, noites de quiaboflores, orquídeas e gérberas
sorrisos de
dentes de alho
tormentos, choros, lágrimas
debaixo da terra como nabo
raiz forte
mesa quadriculada
incenso de macela-do-campo
pote de geléia
e gerâneo
sumo de dor eloqüente
fritado e uivado com cebola roxa
óleo quente
bote
serpenteado
falta de sal grosso
falta de caralho
falta do seu gosto
falta do meu parco avental
molhado e suado
de Hilda Hilst
cantado e melado de Alice Ruiz
sujo e fedido de
Adélia Prado
de te acender velas Colasanti
de te ler Flores Belas
(daquela mesmo que esse som possa te ter lembrado)
falta de te sentar nessa cadeira
e te reler toda minha vida
numa nota dissonante
do tempo perdido
na cozinha
preparando
dias de chuchu
sem tempero e sem orvalho,
lacrimado.
Vendo o vento levar o cheiro
o fio do cabelo,
o semblante
a suculência tardia
do coração de galinha,
derrubar a jarra de suco
de frutinhas vermelhas silvestres
que eu com tanto gosto
apanhei
e preparei
para esperar um dia da tua vida.
2 comentários:
Sempre faltam ingredientes para o algo chamado Vida e nunca se tem receita certa para o algo chamado Amor.
'com açúcar, com afeto'
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