sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O tempo da espera...

O tempo da espera também me faz viver. Contar nos anéis cada segundo; saber que entre os dias há o instante em que silenciam os males. Eu queria levar meus pés aos campos onde caminha seu corpo; nos espaços em que, graves, acenam seus gestos. Porém, sei que isso não faria de mim, sua companheira; não seria pra você, aquela que sou. Decerto, sabíamos quem éramos, por isso existiu o amor. Quisera eu fosse o corpo e o rosto em que pudesse repousar sua face ao fim do dia, dos tantos dias que parecem não ter mais fim. Entretanto, sabemos, isso não faria de mim melhor amante — e não aprendi de todo, confesso, como ser a amante esperada. Espero, apenas. Brincando com a areia da praia, juntando esses peixinhos que pontuam minha vida — espero. Que há sempre neblina em meus olhos; e não tem sido também a névoa a nos fazer próximos? Ouvir o mar e seus ruídos é quanto basta para que permaneçam o nome e o amor. Eu quero tanto, tanto... e tanto querer já está contido em meu silêncio. O mesmo silêncio que sustenta minha espera pelo impossível, pela luz nascendo de sua boca e adormecendo estes cortes, estas inquietações.

*texto antigo, com pequena variação.

3 comentários:

Anônimo disse...

Espera remete à distância; distância, à saudade; saudade, ao amor. E se há distância, há ausência; e se a ausência dói, há amor. Espera-se o amor como se espera uma cura.

O que seria do amor sem o calvário da espera?



Beijo, moça. 

marcela primo disse...

§

Eu fico passada com você!
Os seus comentários traduzem exatamente o que eu queria dizer, porém com mais beleza.

Parte do seu comment foi para o meu subnick no msn e já teve gente que copiou, rs...

Quanto à sua pergunta , eu respondo: Pleno! O amor seria pleno, não houvesse o calvário da espera.

§

Lara Bitencourt disse...

Os amores que enebriam e cegam,sao assim.A saudade é só mais um empeceilho a todo o resto.Lindo!

*Nao sei onde ficam alguns acentos nesse teclado,perdao!

Abracos

Lara