segunda-feira, 2 de junho de 2008

Dois dedos de prosa

Paulino Barreiros: Rodolfo (pai) , Sebastião (avô) e Tobias (tio)

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Cresci ouvindo de meu pai sobre o dia em que estava ajudando o vovô a fazer uma porteira. Meu pai menino admirava aquele homem pelas histórias que sabia contar e pelo trabalho que executava - tão difícil era a arte da carpintaria e tão importante num Paraná que precisava se abrir em campos de pasto e lavouras.

Trabalhavam calados. Não poderíamos supor quantas coisas pensavam, cada um deles, enquanto exerciam suas tarefas principais: o pai deveria ensinar, o filho deveria aprender. Num momento, porém, o menino expressou a única comparação que julgara digna do pai de quem tanto se orgulhava:

- Papai, São José devia ser um bom carpinteiro, né? Ele era pai de Cristo...

Ao que vovô respondeu:

- Ele não era pai de Cristo e era péssimo carpinteiro.

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Os tios são aqueles sujeitos que costumávamos visitar em nossa infância. Fartávamo-nos de brincar com os objetos de sua estante, entediávamo-nos com as longas palestras entre nosso pai e eles, por fim, dormíamos profundamente em seu sofá. Acordávamos no dia seguinte em nossa cama - ou berço - sem saber como havíamos chegado ali.

Chega um dia em que a gente cresce e os tios morrem.

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7 comentários:

H. Henrique disse...

Nossa!

Senti um frio na espinha!

marcela primo disse...

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Saudades... =/

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Ana Paulino disse...

Me parece que vivemos a mesma história e histórias contadas, mas em tempos diferentes. Mas felizes de nóS com os mesmos contadores de histórias.

marcela primo disse...

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Sim.

A mesma história e histórias contadas, em tempos diferentes.

E eu sou tão feliz e orgulhosa por ser personagem da mesma história que você, a Ina, a Lu e, até, a Bila. Muito feliz, mesmo, e orgulhosa. Nunca duvide disso.

Só fico triste por ter, em algum momento, perdido o trem da história. Não ter conseguido crescer direito e não ser merecedora do lugar que tenho entre vocês.

Ainda mais porque, a despeito da minha inaptidão para a vida adulta, percebo que o tempo não me esperou e tem levado os nossos contadores.

E eu, mesmo tendo ouvido as mesmas histórias, repetidas vezes, não as tenho todas guardadas na memória e não sei contá-las como eles fazem (ou faziam).

Eu sou tão feliz por ser parte de vocês, mas hoje eu estou tão triste.

Te amo.

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Anônimo disse...

Todos nós perdemos um ou mais trens em nossas vidas. O que importa é que precisamos nos aprontar para o próximo. A despeito de dificuldades pessoais , coletivas e a importancia do lugar isso não são as pessoas que as fazem e sim nós mesmos que temos que tomar posse.
Também não sei contar as historias como eles , mas saberei contar as minhas histórias, assim como vc saberá com mais entonação, emoção ou nãoe sim sinceramente com nossas lições.
O importante é fazer com que os dias tristes se tornem menos que os felizes.

Amo-te

Anônimo disse...

MARCELA O ANONIMO E A ANA ERRO DE ATENÇÃO..............

marcela primo disse...

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Muitas lagriminhas... desta vez, de alento.

Obrigada, irmã querida!

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