Cresci ouvindo de meu pai sobre o dia em que estava ajudando o vovô a fazer uma porteira. Meu pai menino admirava aquele homem pelas histórias que sabia contar e pelo trabalho que executava - tão difícil era a arte da carpintaria e tão importante num Paraná que precisava se abrir em campos de pasto e lavouras.
Trabalhavam calados. Não poderíamos supor quantas coisas pensavam, cada um deles, enquanto exerciam suas tarefas principais: o pai deveria ensinar, o filho deveria aprender. Num momento, porém, o menino expressou a única comparação que julgara digna do pai de quem tanto se orgulhava:
- Papai, São José devia ser um bom carpinteiro, né? Ele era pai de Cristo...
Ao que vovô respondeu:
- Ele não era pai de Cristo e era péssimo carpinteiro.
Os tios são aqueles sujeitos que costumávamos visitar em nossa infância. Fartávamo-nos de brincar com os objetos de sua estante, entediávamo-nos com as longas palestras entre nosso pai e eles, por fim, dormíamos profundamente em seu sofá. Acordávamos no dia seguinte em nossa cama - ou berço - sem saber como havíamos chegado ali.
Chega um dia em que a gente cresce e os tios morrem.
Trabalhavam calados. Não poderíamos supor quantas coisas pensavam, cada um deles, enquanto exerciam suas tarefas principais: o pai deveria ensinar, o filho deveria aprender. Num momento, porém, o menino expressou a única comparação que julgara digna do pai de quem tanto se orgulhava:
- Papai, São José devia ser um bom carpinteiro, né? Ele era pai de Cristo...
Ao que vovô respondeu:
- Ele não era pai de Cristo e era péssimo carpinteiro.
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Os tios são aqueles sujeitos que costumávamos visitar em nossa infância. Fartávamo-nos de brincar com os objetos de sua estante, entediávamo-nos com as longas palestras entre nosso pai e eles, por fim, dormíamos profundamente em seu sofá. Acordávamos no dia seguinte em nossa cama - ou berço - sem saber como havíamos chegado ali.
Chega um dia em que a gente cresce e os tios morrem.
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7 comentários:
Nossa!
Senti um frio na espinha!
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Saudades... =/
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Me parece que vivemos a mesma história e histórias contadas, mas em tempos diferentes. Mas felizes de nóS com os mesmos contadores de histórias.
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Sim.
A mesma história e histórias contadas, em tempos diferentes.
E eu sou tão feliz e orgulhosa por ser personagem da mesma história que você, a Ina, a Lu e, até, a Bila. Muito feliz, mesmo, e orgulhosa. Nunca duvide disso.
Só fico triste por ter, em algum momento, perdido o trem da história. Não ter conseguido crescer direito e não ser merecedora do lugar que tenho entre vocês.
Ainda mais porque, a despeito da minha inaptidão para a vida adulta, percebo que o tempo não me esperou e tem levado os nossos contadores.
E eu, mesmo tendo ouvido as mesmas histórias, repetidas vezes, não as tenho todas guardadas na memória e não sei contá-las como eles fazem (ou faziam).
Eu sou tão feliz por ser parte de vocês, mas hoje eu estou tão triste.
Te amo.
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Todos nós perdemos um ou mais trens em nossas vidas. O que importa é que precisamos nos aprontar para o próximo. A despeito de dificuldades pessoais , coletivas e a importancia do lugar isso não são as pessoas que as fazem e sim nós mesmos que temos que tomar posse.
Também não sei contar as historias como eles , mas saberei contar as minhas histórias, assim como vc saberá com mais entonação, emoção ou nãoe sim sinceramente com nossas lições.
O importante é fazer com que os dias tristes se tornem menos que os felizes.
Amo-te
MARCELA O ANONIMO E A ANA ERRO DE ATENÇÃO..............
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Muitas lagriminhas... desta vez, de alento.
Obrigada, irmã querida!
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