Aprendi a máxima irrefutável de que não basta recolher as flores caídas e encerrá-las em livros. O muito cuidado não lhes restituiria vida ou beleza. Ensinaste-me que devemos reinventá-las junto ao corpo, como são inventados os amores. Conduzir os lábios ao cálice; estreitar o dorso aos espinhos; despentear suas pétalas para que, ausente, persista o perfume entre os dedos.
Ensinaste a mim o que aprendeste das orquídeas e dos narcisos. Não sabias, porém, que eu já lançara meu corpo a toda sorte de bem-e-mal-me-queres ou que, desde o primeiro instante, já me precipitara e me perdera no espelho de teus olhos. Não, não me condenes por esmagar flores em livros nem reclames a memória de eflúvios em tuas mãos viajantes. Contudo, se puderes chorar esta flor morta — parte do que em mim há do mais vivo amor — apieda-te também das violetas.Pequeninas, confundidas e esquecidas entre o solo fértil e as plantas dos teus pés.
5 comentários:
Uma flor que um dia germina, as tera pela vida toda, mesmo que in memorium...
acho que captaste a mensagem
Beijo Mah
Quando refletimos no espelho do olhar alheio...Quando nos entregamos àquelas mãos afáveis que nos protege...Quando fazemos dos lábios outros, os nossos...Quando entregamos a rosa e pisamos nos espinhos, não é por nós, é por aquela que nos faz bem...pelo menos por existir.
Lindo texto Mah!
=Þ
Beijin
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Sobre Cartago:
Quem imaginaria que o general incumbido de defendê-la esperava apenas a deixa para esmagá-la com as armas da indiferença?
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