sexta-feira, 4 de julho de 2008

Conversinha Real


- E então não é lindo?
- Lindo! Mas tem de tudo mesmo?
- De tudo, só não tem favela. Proporcionamos saneamento básico e um programa de educação sexual para reduzir a natalidade.
- E fome, têm?
- Distribuímos cestas básicas, vale refeição, décimo terceiro, quarto e quinto salários para os trabalhadores. Aqui a fome passa longe!
- Casas?
- Próprias.
- Economia?
- Crescente.
- Desemprego?
- Nulo.
- Homicídios, seqüestros e roubos?
- Quase zero. Sequestro, o que é isso mesmo? Ah! Deixa de bobeira Manuel, não precisamos de cadeia, aqui o cidadão é honesto.
- E aquelas mulheres ali no porto?
- São Helenas, Marias e Joanas esperando por marinheiros, poetas e economistas.
- E os tísicos? Elas também esperam os tísicos?
- Já disse que tu terás a mulher que quiseres na cama que escolherás.
- Mas eu ainda não sou feliz.
(Tosse, tosse, tosse.)
- Respire Fundo Manuel!
.........................................................................................................................................................
- É disso que precisas, ar fresco, prostitutas bonitas e banhos de mar. Isso não é felicidade?
- Majestade, um quase defunto como eu destoa nesse paraíso.
- Então não vais ficar Manuel?
- Sinceramente? Vou-me embora. Pasárgada é um soneto de amor romântico encerrado.

3 comentários:

Unknown disse...

hauhauahuahauahua...
Pode crer! Nunca me iludi com Pasárgada porque só se fala de mulher . Acho que esse ambiente seria hostil a mim.

marcela primo disse...

§

Ah, esse texto me parecia extremamente familiar. Agora que me lembrei de você ter lido pra mim no Bar do João, lembra? Fiquei de te mostrar a releitura de um poeta cabo-verdiano (os outros países de Língua Portuguesa adoram o Bandeira! ^^), aproveito pra passar agora:

ANTI-EVASÃO
(Ovídio Martins)

Pedirei
Suplicarei
Chorarei

Não vou para Pasárgada

Atirar-me-ei ao chão
e prenderei nas mãos convulsas
ervas e pedras de sangue

Não vou para Pasárgada

Gritarei
Berrarei
Matarei

Não vou para Pasárgada


§

Fithos disse...

Gosto das poesias de Manuel Bandeira. Finalsou o texto bem. Mas o lay do seu blog é belissímo