Eram cinco ou seis grãos de areia dispostos de modo a imitar a forma de uma casa. Casa branca, murada baixa, cortinas azuis a cobrir a vista de seu interior. Dois pássaros: amarelo; preto. Nunca alçaram vôo, senão no interior da casa que desde sempre habitaram. O mesmo espaço ruinoso persistia em sua brancura de paredes, tal como se fizera existir no instante de sua construção. Então num sopro - muito leve sopro de menina - cada um dos grãos ventou o som de sua própria voz, lançando em espanto as aves dormentes.
marcela p. em 13/11/2004
2 comentários:
E olha só nós desenterrando nossos textos de novo!!
Lindo texto!
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Talvez porque textos antigos suscitem novos sentimentos; talvez porque alguns sentimentos sempre tornem, às vezes, com mais força.
Seja, talvez, a simples vontade de compartilhar.
Beijo, Mu.
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