As manhãs acordam tarde
Já não há como sorrir
E segue o canto triste:
“Estou tão feliz”.
Se fora ontem,
Quem sabe?
Quem sabe não teria
compactuado da felicidade
pura e simples do coração
que se mostra aos olhos meus?
Mas não hoje...
Não neste momento,
Nestas dez horas em que levanto
Querendo estar em coma.
Não nesta tardia manhã que segue uma noite
de mal caídas
lágrimas
(luciféricas? malditas? dementes? lúcidas?)
Não... Não sou capaz de me unir
ao coração puro e simples,
que a noite e o dia já não me bastam!
Busco o limbo, o lugar dos não-sentidos,
dos não-sentimentos, da não-vida e da não-morte...
Só quero negar se puder neutralizar todos os valores:
O dramático, o épico, o lírico
Já não me convencem mais
A realidade (se há) tampouco.
Não resta em mim
nenhum dos humores...
Se não me é de posse o ódio,
Também o amor abandonei/desde o princípio
“Pássaro de asas tortas,Não sou Deus. E estou tão feliz!
(dos amigos, de Carlos, de Vinicius,
de quem mais? Não me lembro agora...)
Queria dominar teu canto zombador,
Marcar tuas dádivas inexclusivas
Com números profetizados,
Lançar-te ao lago de fogo.”
29 de Dezembro de 2006
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Às manhãs
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
O astro
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Receita para um abraço infinito
"No mais, quando distante o abraço,
há sempre que se dizer um "olá".
Quando ausente o beijo,
precisamos (sempre) compartilhar o silêncio
e, nele, nos fazer mais unidos."
Uniremos algumas três palavras e de sua indissociabilidade será gerado um sentimento. Quero entrelaçá-las num sempre e nunca desatado nó - serão chave para nenhuma porta. Quero o amálgama entre riso e lágrima e que sejam nova palavra em vida.
E a palavra seja instante subtraído de seu universo; e a palavra esteja só. Toda ela, palpitando apenas minha no ninho de meu corpo. Amarei a palavra.
Palavra, sentimento, porta.
Mas este senão de pequenas e muitas coisas procuradas está me enlouquecendo. Meus olhos não percebem os espelhos a fluírem do ventre e sobre tais estilhaços calco os pés desnudos.
À dispersão dos gestos, somam-se outros passos; discípulos e perseguidores tingindo de sangue o solo que a custo semeei; e sei que essas tintas são o mesmo sol espargido em incessantes fios pelos beirais de nossas casas; fios que embriagam nossas plantas e tomam nossas janelas, umedecem as paredes de nossos quartos em assombrosas figuras.
Tanta seiva entorpece-me; são revelações condenando à vida quem lhes ampara. Abrem meu peito em versos e outros maiores golpes; contam-me a existência de um leito em que convergiram estas águas. Mergulhos irrefletidos incidem sobre nossos corpos; submerge a fonte onírica de onde provieram as primeiras gotículas de lucidez.
São outros os sentidos que habitam o profundo em que construímos nossos paços e ensaiamos nossos dias. Sorvemos as emissões de sons dos quais já não nos ocupamos; na superfície instável, florescem segredos a lançar amantes contra as rochas. Mas, ei-los, no silêncio e na escuridão, pois que resistem: porta, sentimento, palavra.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Surrealismos
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Sem título e sem final
Eu sempre quis as coisas simples. Vez ou outra esquecia-me disso, mas acabava por recordar. Nesse então, gritava a todos os ventos meu desejo de leveza; eram-me pesados os dias, as vestes, as palavras. Segundos. Não tardava e eu estava de volta ao mesmo quarto, refugiando-me nas mesmas velhas e novas manchas no teto. E elas pareciam mesmo falar, pingando a chuva de ontem e a de agora.
E já não sei se o simples e o leve coincidem. Pode ser que não, embora tente associar esses dois também ao amor e à beleza. Talvez eu esteja errada mesmo. Eu nunca compreendo. Mas era simples, sempre foi simples: estar lá, entre as mesmas paredes; meu corpo e só; era, ainda é simples. Mas o amor, o amor e os novos espaços capaz de criar, ultrapassa os limites da beleza e da simplicidade. O amor revela novos medos, caleidoscópicas palavras e construções sintáticas - o mesmo arquetípico sentimento.
E já não sei se o simples e o leve coincidem. Pode ser que não, embora tente associar esses dois também ao amor e à beleza. Talvez eu esteja errada mesmo. Eu nunca compreendo. Mas era simples, sempre foi simples: estar lá, entre as mesmas paredes; meu corpo e só; era, ainda é simples. Mas o amor, o amor e os novos espaços capaz de criar, ultrapassa os limites da beleza e da simplicidade. O amor revela novos medos, caleidoscópicas palavras e construções sintáticas - o mesmo arquetípico sentimento.
Flores
"as flores do jardim da nossa casa
morreram todas"
Porque durante toda a nossa vida teremos três amores, independente do número de pessoas que passem pela nossa vida.
O primeiro é o clichê, aquele que a gente nunca esquece, sempre estará lá como a ferida mal cicatrizada, ou o agouro mal curado. Leva consigo uma sublimação mágica dos tempos da primeira ruborização, leva um gosto de saudade que nunca cessa.
O segundo é o amor intenso aquele que vigora a paixão e a intensidade ímpar do sentir-se amado e amar em retorno, muitas vezes egocêntrico, mas assim mesmo surreal e verdadeiro. É quando o individuo se vê só no meio da multidão, esperando um telefonema, um "oi", um "sim, eu aceito" que muitas vezes nunca chega, é o amor verdadeiro, mas passageiro.
O terceiro é menos primaveril como o primeiro, sem muitos veraneios e calores internos como o segundo, mas é aquele que vai querer casar, namorar e te acompanhará para o tempo que for necessário. É o amor de velhinhos à beira do mar com chapéus de palha, chinelas havaianas e tardes alaranjadas.
Enfim, tem sorte aquele que encontra numa mesma pessoa essas sensações, aquele que consegue perceber as modificações e as múltiplas faces do ser amado. Isso requer muita paciência e muito desentendimento, muita briga e muita aceitação, muita desidealização do que poderia ser feito e muito contentamento com o que é de verdade, muita lágrima e riso, muita roupa intima jogada com os dentes pra fora da cama, muito café, muito sms, muita cadeira de balanço, muitos esquecimentos de datas e fatos importantes, muita abdicação e muito sonho sonhado juntinho. Para que assim seja compreendida a inexplicabilidade do eu e do outro bricolado numa tessitura de quereres.
Ah, não tenho muito o que dizer por esses dias, esse texto é mais uma droga que escrevi e que não deu certo...
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