terça-feira, 11 de novembro de 2008

Flores

"as flores do jardim da nossa casa
morreram todas"

Porque durante toda a nossa vida teremos três amores, independente do número de pessoas que passem pela nossa vida.
O primeiro é o clichê, aquele que a gente nunca esquece, sempre estará lá como a ferida mal cicatrizada, ou o agouro mal curado. Leva consigo uma sublimação mágica dos tempos da primeira ruborização, leva um gosto de saudade que nunca cessa.
O segundo é o amor intenso aquele que vigora a paixão e a intensidade ímpar do sentir-se amado e amar em retorno, muitas vezes egocêntrico, mas assim mesmo surreal e verdadeiro. É quando o individuo se vê só no meio da multidão, esperando um telefonema, um "oi", um "sim, eu aceito" que muitas vezes nunca chega, é o amor verdadeiro, mas passageiro.
O terceiro é menos primaveril como o primeiro, sem muitos veraneios e calores internos como o segundo, mas é aquele que vai querer casar, namorar e te acompanhará para o tempo que for necessário. É o amor de velhinhos à beira do mar com chapéus de palha, chinelas havaianas e tardes alaranjadas.
Enfim, tem sorte aquele que encontra numa mesma pessoa essas sensações, aquele que consegue perceber as modificações e as múltiplas faces do ser amado. Isso requer muita paciência e muito desentendimento, muita briga e muita aceitação, muita desidealização do que poderia ser feito e muito contentamento com o que é de verdade, muita lágrima e riso, muita roupa intima jogada com os dentes pra fora da cama, muito café, muito sms, muita cadeira de balanço, muitos esquecimentos de datas e fatos importantes, muita abdicação e muito sonho sonhado juntinho. Para que assim seja compreendida a inexplicabilidade do eu e do outro bricolado numa tessitura de quereres.
Ah, não tenho muito o que dizer por esses dias, esse texto é mais uma droga que escrevi e que não deu certo...

7 comentários:

Paula Coelho disse...

..ahhhhh
o texto está ótimoooooo...

marcela primo disse...

§

Mu,
seu texto não está uma droga.
Acho apenas que estamos "estranhos" ou, em palavras drummondianas: nus "na areia, no vento" e ele diria ainda: "Dorme, meu filho".
Enfim, estou aqui esperando o meu terceiro amor (ou o velho "olá"), porque o coração continua...

§

H. Henrique disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
H. Henrique disse...

Tá lindo!

H. Henrique disse...

A propósito, teria eu virado "agouro mal curado" ou é só impressão?

rsrsrs

H. Henrique disse...

Obs.: Fui eu que apaguei o post acima tá! Tava achando que era pra Marcela e fiz uma brincadeira!!!

achados e perdidos disse...

só vou saber se já tive um desses amores... qndo for velhinha... rsrsrs... pq agora todos se parecem sempre o segundo tipinho...