domingo, 23 de maio de 2010

"Não era preciso que dissesses..."



Não era preciso que dissesses dos precipícios. Tenho caminhado em derredor deles e, vez ou outra, mergulho. Mergulho num salto largo rumo ao que minha vista sequer alcança: não aprendi ainda a decifrar teus olhos. Sei que são duros como a rocha onde firmo meus pés, sei que são áridos como os vales de adiante. Não poderei cultivá-los como faço em meus jardins. Os jardins são espaços de artifícios que servem às minhas tentativas de enredar toda sorte de passantes. Apresento-lhes as cores e as fontes, mas, sabíamos desde sempre, eles são cegos. Esmagam as pequeninas flores a pés desnudos e partem; deixarão nestas terras senão um tanto de si. Resistem os penhascos e as selvas, permanecemos nós.

2 comentários:

H. Henrique disse...

Essas coisas têm que ser como mata virgem: qto mais se tem, mais rica an terra fica. Mas o amor insiste em ser como lavoura de monocultura...

marcela primo disse...

Nem sempre é amor. Às vezes, é melhor...